sábado, novembro 08, 2008

Perceber os argentinos

Os 3 factos mais marcantes da história recente da Argentina são, para um observador atento, a guerra das Malvinas/Faulklands, a ditadura militar e as atrocidades cometidas durante este período e as sucessivas crises económicas e a super-inflação.
Mas os argentinos têm uma opinião diferente. Para eles os factos mais relevantes foram as duas vitórias no campeonato do mundo de futebol.

(e agora um pouco de história...)
Na década de 60 os militares tomaram o poder na Argentina e em 1976 instituiram algo a que chamaram o “processo de reorganização nacional”, que pouco mais era do que terrorismo patrocinado pelo estado dirigido a todos os que os criticavam ou que manifestavam opiniões diferentes. Resultou deste processo cerca de 30000 desaparecidos ou mortos.
Em 1977, 14 das mães de desaparecidos manifestaram-se na praça de Maio, em frente ao palácio presidencial, exigindo informações sobre o paradeiro dos filhos. Ficaram conhecidas como as mães da praça de Maio e ainda hoje se manifestam, se bem que num número bastante inferior.
A primeira foto é da manifestação das mães de Maio, a segunda do palácio presidencial.

Já no final da ditadura militar, quando as críticas externas e internas eram muitas, os militares tentaram algo que unisse todos os argentinos – uma guerra contra um invasor colonialista que mantia a ocupação sobre “as suas” ilhas Malvinas. Foram trucidados pelos ingleses e continuam a chamar-se ilhas Fauklands.
A terceira foto é do memorial aos militares argentinos mortos durante essa guerra.

Os argentinos já se habituaram a pensar no seu país com estando falido. De facto, nos últimos 40 anos isso ocorreu pelo menos por 5 vezes. A inflação mesmo depois de alguns períodos em parece controlada acaba sempre por descambar.
Em 1969 tinham uma nota com valor facial de 1.000.000 que hoje equivale a 1 peso. As fotos 4, 5 e 6 representam a evolução da moeda na Argentina.
Os mais afortunados que conseguem ganhar mais algum dinheiro gastam-no de imediato, por exemplo, este é o país mais operações plásticas per capita.

Apesar da história de sucessivos falhanços, de mais de metade da população viver abaixo do limiar da pobreza e do número de sem abrigo ter disparado nos últimos anos os argentinos são um povo extremamente optimista. E nem se trata da velha lógica de ver o copo meio cheio em vez de meio vazio. Eles celebram o facto de, apesar do copo já estar vazio, duas gotas de àgua virem a caminho.

A Argentina está a fazer uma má fase de qualificação para o mundial, não faz mal porque o Brasil também, e agora até têm o Maradona como selecionador... não há qualque hipótese de não ganharem o próximo campeonato do mundo. Tudo o resto não interessa.

As duas últimas fotos são do estádio do Boca Juniors onde fui ver o Boca X Internacional de Porto Alegre para a Copa dos Libertadores. O Boca perdeu o jogo e foi eliminado, mas não faz mal porque vão à frente no campeonato.












quarta-feira, novembro 05, 2008

Enquanto estava num aviao...

... elegeu-se um novo "lider do mundo livre"

... qualificamo-nos para os oitavos de final da Champions

... o Euro desvalorizou mais duas decimas em relaçao ao Peso argentino

Festejemos o que pudermos festejar.

segunda-feira, novembro 03, 2008

De novo na estrada

Depois de quase um ano sem escrever neste diário de viagem confesso que estou enferrujado.
Mas arrisco de qualquer forma, acreditando que o meu mau jeito com a palavras pelo menos suavizam muita da inveja, declarada ou não, que estes meus relatos geram.

Já tenho coçegas nos pés, mas finalmente vou voltar às viagens, voltar ao Brasil, enfim de voltar à vida. Mas vai ser diferente, desta vez não viajo sozinho. Um colega de trabalho, que partilha comigo este (des)gosto de não ter férias suficientes para ficar de papo para o ar à beira da piscina, será meu cumplice nesta aventura durantes as 4 últimas semanas.

O plano é começar em Buenos Aires e seguir para norte, talvez para o Uruguay, certamente para os estados do sul do Brasil, Rio Grande do Sul,Santa Catarina e Paraná, até Foz de Iguaçú.

Para abrir o apetite ficam umas fotos de algumas das minhas férias deste ano.