domingo, novembro 28, 2021

Chiapas, Zapatistas, Chamuna e Zinacantán

Chiapas é conhecida pelo seu eterno estado de rebelião, parece que se arrepende de em 1824 ter aderido ao México em detrimento da Guatemala. Desde então revoltas a cada 20 anos, governadores assassinados (e assassinos), estado pioneiro no México nas invasões de terras que levaram à reforma agrária e na criação de organizações sindicais, até à revolta mais conhecida - a insurreição de 1994 do Exército Zapatista de Libertação Nacional, inspirados por Cuba e com ligações à ETA e fortemente apoiados pelos indígenas.
Apesar de derrotados militarmente o movimento sobrevive, corta estradas e exige o pagamento de apoio para a causa, saques, roubos e atos de vandalismo, sempre em nome da causa sempre com muito apoio local. A revolta tem a sua razão: 76% da população de Chiapas vive abaixo da linha de pobreza, exageradamente alto mesmo comparando com outros estados vizinhos que não dependem do turismo - Tabasco (50%) e Campeche (44%), e até os 59% da Guatemala.
Dentro da lei, várias comunidades indígenas ditam as suas próprias regras e impõem-se como estados dentro do estado. O caso mais radical é o do município de San Juan Chamula.
Os chamulanos são notoriamente independentes.  Por exemplo, eles ignoram o "horário do governo" oficial, portanto, há uma diferença de hora de uma hora com a vizinha San Cristóbal a apenas 10km. Além disso, a violência não é desconhecida. Em 2016, o presidente de câmara foi morto a tiros na praça principal em frente à igreja.  San Juan Chamula tem sua própria força policial e o seu próprio tribunal indígena que nem o supremo tribunal mexicano se atreve a contrariar, o estado de direito aqui é um tanto arbitrário.
A religião também é diferente, sendo uma amálgama de um catolicismo deturpado com crenças indígenas. Não é cristo o símbolo de adoração máxima mas São João Batista. O chão da igreja está coberto de caruma de pinheiro, os fiéis sentando em grupos familiares e acendem velas à sua frente do no chão para os seus pedidos aos santos.
Zinacantan é outra dessas comunidades fechadas a estranhos e muito fiéis às suas tradições, apesar de bem menos radical.
As fotos são 3 de Chamula (a igreja antiga que ardeu, e que os chamulanos se recusam a reconstruir, em frente ao cemitério, a igreja atual e o tribunal indígena) e 2 de uma família que visitamos em Zinancantan na apresentação dos seus costumes.









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