Santiago

Se São Vicente é a ilha mais europeia Santiago é a mais africana. Na cidade da praia, no mercado de Sucupira sente-se o Senegal ao virar da esquina e a influência dos mercado de estilo magrebino, nos edifícios estatais e principais bancos vêem-se militares de metralhadora, tentando evitar um eminente golpe de estado. O transito é caótico, ruidoso, com polícias que apitam e ninguém lhes liga, sem regras a não ser a da buzina. Mesmo fora da grande cidade o que domina são os transportes coletivos informais e as vendas de rua.

Não chega a ser feia ou desagradável, mas também não é bonita. Nem a Cidade Velha nem a prisão do Tarrafal são visitas históricas memoráveis. Nem a bonita praia do Tarrafal é um destino de praia que me faria entrar de propósito num avião para aqui chegar.

Fotos são 6 da Cidade Velha, incuindo o forte e o pelourinho, 7 fotos da Praia, mercado municipal, a praça central com a câmara municipal ao fundo, o palácio presidencial, as 3 praias (Gamboa, Prainha e Quebra Canela) e o mercado de Sucupira, 10 fotos do Tarrafal incluindo da praia de Mar di baxu, 2 da Ponta de Atum, 2 da praia do Tarrafal (a principal). 5 da ex-prisão política, chamada agora de "campo de concentração".

Cabo Verde street art

Em todas as ilhas, na verdade em quase todas as vilas e cidades, não há como negar, aqui gostam de grafitar.

Desenvolvimento ou crime ambiental e socio-cultural

São edifícios que impressionam a quem chega à praia da vila, de frente para o mar contei 28 prédios com 2 andares, cerca de 4 aps cada, atrás tem (parece, não contei) o triplo dos prédios com 4 andares.
Construido em cima da areia, por isso com a conveniente da jurisdição do governo central e não do município, diz-se que seria pago com uma lancha de droga que entretanto a polícia apanhou e o negócio ficou sem efeito, e está assim à 4 anos à espera de quem lhe pegue, seja para o terminar ou mandar abaixo.
Se realmente fôr concluido e totalmente habitado, a população da vila do Maio mais que duplicaria, se fôr para alugar a turistas a oferta do nº de camas aumentaria em 10 vezes.
Há quem veja neste mamarracho a injeção de investimento e de movimento turístico que a ilha precisa. Dizem não é demais, fica ainda longe do rácio de turistas por habitante da Boavista e a muito maior distância do Sal. Eu vejo o princípio do fim.

Maio um lugar no tempo

Maio é um nome estranho para uma ilha, mas apropriado para um lugar que nos parece parou no tempo, resta saber em Maio de que ano: parece antes da colonização quando chegamos a uma praia sem uma única pegada, ou no século XVII quando olhando do forte não vemos um único barco na baia mas imaginamos no horizonte ver surgir Sir Francis Drake, ou na década de 40 no século XX quando muitas destas casas viram pela última vez tinta e cimento.
Maio é um grande diamante em bruto, à primeira vista nem é feio nem bonito, é disforme, desconfortável, sem brilho, demasiado grande, demasiado bruto, com tudo por fazer, por construir, por organizar, é o ferry demasiado lento e irregular, os voos estão em risco de serem novamente cancelados, a pobreza da aldeias do interior, as estradas só interiores e as melhores praias ficam por descobrir, demasiadas casas degradadas e abandonadas, o mar demasiado revolto, a água que falta ou que custa demasiado a conseguir, e o "mamarracho" (mas isto é tópico para outro post).
Só depois se entranha, e quando começamos a ver o potencial, não o que é mas o que poderia ser, e acabamos a racionalizar o porquê de não ficar aqui o resto das nossas vidas.
Fotos 3 da praia da ponta preta vários Kms sem ninguém onde a areia parece neve, enterra-se até ao joelho, 9 da vila de Maio e da sua magnífica praia, 3 da calheta, 1 das dunas do Morrinho, 2 do pôr-do-sol na praia da vila.